Em discurso no plenário da Câmara, na quarta-feira 2, o líder do PSOL, deputado Chico Alencar fez cobranças à presidente Dilma Rousseff.
Ele começou cobrando a indicação dos nomes das sete pessoas que comporão a Comissão da Verdade, desde novembro para serem escolhidas pela Presidência e até o momento nada aconteceu. “Esse estilo Dilma de governar é, às vezes, misterioso demais e solitário ao extremo, e nós ficamos sem saber o que está acontecendo. Será que é medo de que essa Comissão trabalhe?”.
Chico Alencar também cobrou o veto de Dilma – promessa de campanha – em relação ao Código Florestal, mais especificamente a anistia aos demastadores, aprovada pelos deputados ruralistas, na semana passada. “O Código Florestal aqui aprovado fragiliza o nosso potencial hídrico, as nossas margens de rio, os nossos manguezais, os nossos biomas. Ele vulnerabiliza o que já vulnerável e esse não é de forma nenhuma o melhor caminho. Espero que o Executivo se manifeste”.
O deputado destacou ainda a reunião da CPMI do Cachoeira, realizada na tarde de ontem, e a importância da investigação ser profunda. “Esse esquema [do Cachoeira] degrada a República e faz com que vejamos o desencanto com a política bastante crescente no País, sobretudo entre os jovens.
Leia a íntegra do discurso do líder Chico Alencar.
“Sras. e Srs. Parlamentares, servidores da Casa, todos os que acompanham esta sessão, o PSOL utiliza estes 5 minutos semanais que tem pela Liderança para cobrar da Presidente Dilma — uma cobrança que é comum a todos os que estão aqui neste plenário, tão esvaziado de trabalho após o Dia do Trabalhador —primeiro, a indicação dos nomes que constituirão a Comissão da Verdade.
Tal Comissão foi aprovada por este Congresso Nacional e sancionada pela Presidente em novembro do ano passado e até agora nada. Esse estilo Dilma de governar é, às vezes, misterioso demais e solitário ao extremo, e nós ficamos sem saber o que está acontecendo. Será que é medo de que essa Comissão trabalhe?
Felizmente, a nossa, do Parlamento, coordenada pela dedicada e intimorata Deputada Luiza Erundina já está funcionando, mas é evidente que a do Executivo, com todo o seu arcabouço legal e material, terá muito o que fazer.
Segundo lugar, nós estamos também cobrando da Presidente Dilma o veto ao Código Florestal.
A Deputada Rosane Ferreira externou a nossa posição naquela sessão fatídica em que só 4, dos 22 partidos com representação na Casa, orientaram contra alterações gravíssimas no Código Florestal, mas aquele cartaz que ela segurava — Veta, Dilma — foi sustentado por todos nós, não só pelo seu colega de partido, o Deputado Dr. Aluizio. Todos nós queremos esse veto, que é uma prerrogativa regimental e constitucional, porque é preciso retomar essa discussão.
A rigor, como propõem Leonardo Boff e outras pessoas de alto conhecimento ecológico ambiental nacional e planetário, um Código Florestal — não um código que regula atividades econômicas no campo, como o que foi votado aqui — merecia um debate nacional envolvendo a ciência e um referendo popular ao final.
Assim, podemos de fato pensar num futuro cada vez mais premente, cada vez mais urgente, cada vez mais substantivo, a fim de que nosso Planeta não continue inviabilizando a vida na Terra.
O insuspeitíssimo Delfim Netto — que aliás podia colaborar com a Comissão da Verdade, Ministro da ditadura e do regime da tortura que foi — disse outro dia que, no padrão de consumo que se estimula para a população, inclusive, no Brasil desenvolvimentista, e no mundo inteiro, e na China “mcdonaldizada”, nós precisamos já de dois Planetas Terra.
Então, há um descompasso entre o que se estimula para o ser humano, como o consumidor que alcança a felicidade através disso, e os recursos naturais que o Planeta oferece.
O Código Florestal aqui aprovado fragiliza o nosso potencial hídrico, as nossas margens de rio, os nossos manguezais, os nossos biomas. Ele vulnerabiliza o que já vulnerável e esse não é de forma nenhuma o melhor caminho. Espero que o Executivo se manifeste.
Por fim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, acabo de vir da primeira sessão de trabalho da CPI do Cachoeira e da Delta. Vamos usar os dois: CD, CPI CD, Cachoeira/Delta, Cachoeira/Cavendish, Cachoeira/Demóstenes, como queira, o CD está completo. É triplo, duplo, é intenso porque vincula uma organização criminosa e mafiosa, como o plano de trabalho do Relator Odair Cunha, nosso colega aqui, destaca, com uma empresa de altos negócios nacionais, não apenas no Centro-Oeste, a Delta. A cachoeira tem um delta, os acidentes geográficos se interligam. E também agentes públicos, Parlamentares de todos os níveis, que atinge praticamente todos os partidos, e a postura do partido em relação a eventuais desvios de seus integrantes é o decisivo.
Se proteger, se achar que não é nada importante, se esquecer, estará coonestando esses malfeitos. E o partido é um ente coletivo fundamental para o Brasil. Agora estou sabendo até que, além de partido de aluguel, há partido à venda também, ou pelo menos se tenta comprar. É a degradação total.
Nós reivindicamos, pelo PSOL, por meio do Senador Randolfe Rodrigues e da minha pessoa, como Líder eventual, prioridade para a oitiva de Cachoeira, de Cavendish, de Cláudio Abreu, Diretor da Delta no Centro-Oeste, do Senador Demóstenes e dos Governadores Marconi Perillo, Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral. Eles têm muito a dizer, inclusive provar que não têm vínculo nenhum com esse esquema que degrada a República e faz com que vejamos o desencanto com a política bastante crescente no País, sobretudo entre os jovens.
Obrigado, Sr. Presidente.”
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